Num momento em que o Brasil enfrenta desafios cada vez mais complexos devido às mudanças climáticas, a resiliência da infraestrutura rodoviária vem se tornando uma preocupação de suma importância. Com o aumento da frequência e da severidade de eventos climáticos extremos, como fortes chuvas, inundações ou secas, a malha rodoviária do país está em risco. Essas rodovias são vitais não apenas para o transporte e o comércio, mas também para conectar comunidades remotas e viabilizar respostas emergenciais em situações de desastre.
Com o apoio do Banco Mundial e do Mecanismo Global para Redução e Recuperação de Desastres (GFDRR, na sigla em inglês), o Brasil está embarcando numa jornada ambiciosa para reformar sua infraestrutura rodoviária com o Programa Pró-Rodovias, um projeto de 12 anos que visa melhorar a sustentabilidade, a segurança e a resiliência das redes de transporte do país.
A primeira fase do projeto, apoiada por um empréstimo de US$ 150 milhões do Banco Mundial, se concentrará na Bahia e oferecerá a 2,35 milhões de pessoas uma melhor conectividade rodoviária, acessibilidade e proteção contra riscos naturais, como inundações e deslizamentos de terra. O empréstimo faz parte de um programa maior de US$ 1,66 bilhão para melhorar a sustentabilidade de longo prazo da malha rodoviária, incorporando resiliência climática e gestão de riscos de desastres para enfrentar os crescentes desafios de infraestrutura do país.
Em seis fases, o programa alcançará inicialmente os seguintes estados: Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e Piauí. Outros estados, como Tocantins, Rio Grande do Norte e Sergipe, podem vir a aderir. O programa também deve ser expandido para as rodovias federais administradas pelo Ministério dos Transportes.
O papel crucial do GFDRR no apoio à resiliência climática no Brasil
O GFDRR tem sido um parceiro fundamental no desenvolvimento do Programa Pró-Rodovias no Brasil, fornecendo financiamento para importantes análises de riscos climáticos e conhecimentos técnicos que moldam suas estratégias de resiliência climática.
O apoio do GFDRR, especialmente por meio do Programa Japão-Banco Mundial para Integração da Gestão de Riscos de Desastres, ajudou a identificar riscos climáticos, promover a troca de conhecimentos e aumentar a capacidade de entes subnacionais. Esse apoio permitiu que estados como a Bahia, o Espírito Santo e Santa Catarina implementassem uma infraestrutura rodoviária resiliente a desastres e desenvolvessem estratégias eficazes para o financiamento de riscos.
Além disso, o GFDRR contribuiu para o desenvolvimento de mapas de riscos e modelos climáticos que embasam a proteção da infraestrutura rodoviária em áreas de alto risco. Também apoiou a modernização do marco brasileiro de gestão rodoviária baseada no desempenho por meio da metodologia CREMA, que integra estratégias de manutenção proativas e resilientes para garantir a resiliência no longo prazo. O modelo incentiva o investimento privado e, ao mesmo tempo, garante que as estradas sejam mantidas em boas condições em meio ao aumento dos riscos climáticos e de desastres.
Além disso, o GFDRR apoiou a elaboração de um manual sobre a incorporação da resiliência climática às fases de projeto, construção e manutenção de estradas; uma abordagem metodológica quantitativa para avaliar a exposição e a vulnerabilidade da infraestrutura aos riscos climáticos; e o Sistema de Informação e Avaliação Climática (CIAS, na sigla em inglês), plataforma que centralizará dados de riscos climáticos e avaliações de infraestrutura para os órgãos responsáveis pelo transporte rodoviário. Inicialmente criado especificamente para quatro estados — Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul — o CIAS tem potencial para uso mais amplo no Brasil e no exterior.
Ao fortalecer a capacidade dos entes locais de entender e gerenciar os riscos de desastres, o Banco Mundial, com importante apoio do GFDRR, está ajudando o Brasil a estabelecer um precedente para o desenvolvimento de uma infraestrutura sustentável que priorize a resiliência frente as mudanças climáticas. Por meio de modelos de financiamento inovadores, parcerias com o setor privado e ênfase na manutenção de longo prazo, o Programa Pró-Rodovias atende às necessidades de infraestrutura de um país geograficamente diverso, ao mesmo tempo que estabelece um padrão global de integração da resiliência climática ao desenvolvimento rodoviário.
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