O crescimento da classe média foi uma das primeiras vítimas da desaceleração econômica na América Latina e no Caribe. Em 2014 a proporção de latino-americanos que eram de classe média era quase o mesmo que em 2013 (35 por cento da população, acima dos 34,8 por cento; ver LAC Equity Lab do Banco Mundial). Este aumento quase imperceptível na classe média contrasta com a tendência que marcou a década até 2012. Durante essa década de ouro, a classe média cresceu a um ritmo acelerado e a cada ano cerca de 1 por cento da população tornou-se classe média. Isso pode não parecer muito mas pense desta maneira: durante os dez anos antes de 2012, mais de dez milhões de latino-americanos se juntaram às fileiras da classe média a cada ano. Em 2014 apenas um terço deste número – três milhões e meio de indivíduos - conseguiu essa façanha.
Até recentemente a América Latina estava a caminho de se tornar uma região de classe média. Caso a tendência da década de ouro houvesse continuado, a classe média teria se tornado o maior grupo entre os latino-americanos no próximo ano. Infelizmente, como mostrado na figura abaixo, dada a atual tendência não está claro quando essa etapa poderia ser alcançada. Além disso, outros ganhos sociais também tem arrefecido. Por exemplo, a desaceleração econômica tem sido acompanhada por um menor crescimento da renda para os 40 por cento mais pobres da população - como explicado no "Relatório de Pobreza e Desigualdade", lançado pelo Banco Mundial.
A boa notícias é que a taxa de pobreza continuou a cair, de 24,1 por cento em 2013 para 23,3 por cento em 2014. A pergunta, portanto, é para onde foram esses indivíduos uma vez que que a pobreza diminuiu, mas a classe média permaneceu praticamente estagnada? A resposta é que temos visto um aumento substancial no grupo que não está em situação de pobreza, mas ainda não chegou à classe média, conhecido como vulneráveis. Este grupo, caracterizado por uma certa probabilidade de cair na pobreza em um determinado ano, não só continua a ser o maior grupo na região, mas, na verdade, aumentou de 38,3 por cento em 2013 para 38,9 por cento em 2014. Em outras palavras, o tamanho do grupo de vulneráveis cresceu três vezes mais que a classe média. Se, por definição, os mais vulneráveis são mais propensos a cair na pobreza do que a classe média, ajudar a minimizar que tal risco se concretize será uma importante agenda em toda a região durante o ajuste ao novo ambiente econômico.
Nota: Este blog é parte da série 'lacfeaturegraph' da equipe LAC Equity Lab. Para ler posts anteriores, visite aqui.
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