Empoderamento e desafios da mulher angolana reflectidos no Dia da Mulher Africana

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No dia em que celebramos a Mulher Africana, Natália Yange nos guia em uma reflexão profunda sobre as conquistas e desafios enfrentados pelas mulheres em Angola, um país onde a cultura e a tradição se entrelaçam com o progresso moderno, e onde as mulheres estão cada vez mais a ocupar espaços de liderança e influência. Este artigo destaca tanto os progressos alcançados quanto os caminhos que ainda precisam ser trilhados para o alcance da plena igualdade de género.

Natália Yange faz uma abordagem sobre os desafios e as oportunidades na perspectiva da mulher em Angola

O Dia da Mulher Africana celebrado a 31 de Julho, em alusão à Conferência das Mulheres Africanas que ocorreu em 1962, na cidade de Dar Es Salaam, na Tanzânia, é uma oportunidade para reflectir sobre os desafios e oportunidades que as mulheres enfrentam actualmente. 60 anos depois, que problemas as mulheres ainda enfrentam? Trago uma abordagem sobre uma série de obstáculos, desde a desigualdade de género e violência doméstica até à discriminação no local de trabalho.

Embora tenham sido feitos progressos significativos nos direitos das mulheres, ainda há muito a ser feito para alcançar a verdadeira igualdade de género. A falta de oportunidades económicas e sociais, formação académica e profissional, igualdade de oportunidades e o acesso a posições de liderança continuam a ser barreiras significativas enfrentadas todos os dias.
A formação tem sido um factor crucial na emancipação das mulheres, pois com o aumento do acesso à educação para jovens e adultas, muitas têm aproveitado a oportunidade de voltar a estudar e melhorar as suas condições sociais. A formação contínua permite que estas mulheres se adaptem às exigências do mercado e alcancem novos patamares profissionais, o que contribui significativamente para a sua autonomia e autossuficiência.

Conciliar múltiplos papéis – ser mãe, dona de casa, esposa e profissional – continua a ser um desafio, porém, ter uma estrutura de apoio, capacidade de organização e resiliência tem sido essencial para equilibrar essas responsabilidades. A criação de redes de apoio sólidas, tanto familiares quanto profissionais, e a definição clara de prioridades são estratégias eficazes que são adoptadas para gerir estes múltiplos papéis a que as mulheres se propõem a desempenhar. Políticas laborais mais inclusivas que ofereçam maior flexibilidade de horários e modelos de trabalho híbridos seriam cruciais para permitir que as mulheres consigam conciliar todos esses papéis.

A maternidade, considerada obrigatória em várias culturas africanas devido, principalmente, a preservação da continuidade e à linhagem parental matrilinear, está a ser reavaliada por muitas mulheres jovens que optam por priorizar as suas carreiras profissionais, o que reflecte uma mudança cultural significativa, onde cada vez mais mulheres optam por adiar a maternidade para se concentrarem na carreira profissional e pessoal. Esta tendência pode ser percebida como um sinal de progresso, que confere às mulheres a oportunidade de fazer escolhas informadas sobre cada etapa da sua vida e equilibra as aspirações profissionais e as pessoais.

O empreendedorismo feminino que pode ser visto tanto como uma busca por independência financeira quanto como uma resposta às barreiras económicas, é uma prática que tem munido as mulheres angolanas, consideradas entre as mais empreendedoras de África, a demonstrarem uma capacidade impressionante de inovação e adaptação às circunstâncias adversas. Este espírito empreendedor tem sido um meio de transformar o ambiente e a estrutura de educação familiar e contribuir para o desenvolvimento das suas comunidades.

O propósito de vida para uma mulher africana pode ser visto como uma missão de contribuir para uma sociedade mais justa e equitativa, onde cada uma tenha as mesmas oportunidades de crescimento e prosperidade através da educação, do empoderamento económico e do activismo social. Muitas mulheres estão a trabalhar para criar um futuro melhor para as próximas gerações, apesar de que a responsabilidade de educar uma sociedade frequentemente atribuída às mulheres, pode ser esmagadora. No entanto, também é uma oportunidade poderosa para promover mudanças positivas. É crucial que essa responsabilidade seja partilhada de forma igualitária entre homens e mulheres, e que as políticas públicas apoiem a educação e o empoderamento de todos, permitindo que as mulheres desempenhem este papel sem sobrecarga.

A saúde mental é um tema cada vez mais em pauta. A dinâmica acelerada da vida, principalmente nos centros das cidades, mais o desempenho das múltiplas tarefas diárias, acarreta uma carga excessiva de estresse, o que deve levar as mulheres a priorizarem o autocuidado e bem-estar mental, físico e social. Práticas como meditação, exercícios físicos e momentos de lazer são essenciais para manter o bem-estar emocional, estabelecer limites claros entre trabalho e vida pessoal, e procurar apoio psicológico quando necessário são medidas importantes a serem adoptadas para cuidar e preservar a saúde mental.

O Club Delas, uma plataforma do blog Mulheres.ao, tem como principal objectivo empoderar mulheres através da escrita. Muitas das mulheres que aderem a este Club, procuram um espaço de partilha e apoio mútuo, onde possam trocar experiências e aprender umas com as outras dentro de um espaço seguro, onde têm a liberdade de ser mulheres sem julgamentos, uma comunidade acolhedora e inspiradora que fortalece a voz feminina e promove o crescimento pessoal e profissional.

Para contribuir para que o Club Delas seja um espaço acolhedor, é importante incentivar a participação activa de mais mulheres, partilhar conhecimentos e experiências, promover um ambiente inclusivo e respeitoso. A colaboração e o apoio mútuo são essenciais para criar um espaço onde todas se sintam valorizadas e ouvidas.


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