Maria Djata, uma pequena comerciante em Bissau, já viu com os seus próprios olhos a diferença que a tecnologia digital promove no seu trabalho. Em vez de ter de fechar a sua loja e atravessar a capital para comprar produtos ao seu fornecedor, agora ela pode fazê-lo sem sair da loja, graças a rede de banda larga móvel mais forte e ao aumento do uso de dinheiro móvel na Guiné-Bissau. Isto reduziu significativamente os seus custos: mais tempo para atender os clientes significa mais vendas e, portanto, mais lucro. Debora Lobo, aluna do ensino secundário na capital, nota que, graças à conectividade de banda larga mais fiável, quando o governo introduziu a aprendizagem online devido às políticas de confinamento relacionadas com o COVID, ela não perdeu aulas e pôde prosseguir os seus estudos: ela ainda está a tempo de se formar e entrar no mercado de trabalho. Os guineenses estão a aproveitar cada vez mais os dados e as tecnologias digitais para melhorar as suas vidas; mas é preciso algo mais para desencadear todas as oportunidades digitais.
Sendo um país pequeno, rico em recursos naturais não explorados, a Guiné-Bissau tem a maior proporção de riqueza natural per capita na região da África Ocidental.
Apesar do seu enorme potencial de desenvolvimento, graças às suas terras agrícolas, pescas, florestas e habitats naturais, a Guiné-Bissau continua a ser um dos países menos desenvolvidos do mundo. Isto deve-se, em parte, à significativa fragmentação política e institucional do país (a Guiné-Bissau é também um dos países mais frágeis do mundo), o que dificulta o desenvolvimento e a implementação de reformas políticas tão necessárias. O acesso fiável à eletricidade está também a dificultar a transformação económica do país. A Guiné-Bissau caracteriza-se por graves carências de eletricidade (particularmente fora de Bissau), resultando na redução da actividade de empresas e famílias. Actualmente, existe uma capacidade limitada para fornecer energia acessível e de qualidade à maior parte da população, uma vez que a rede elétrica continua limitada à capital, causando grandes disparidades no acesso energético entre as regiões.
Apesar destes desafios, o país está focado em criar as bases necessárias para que a sua economia digital prospere. O Grupo Banco Mundial está pronto para apoiar a Guiné-Bissau nesta importante agenda, dado o contributo direto da digitalização para alcançar um desenvolvimento verde resiliente e inclusivo. O Diagnóstico da Economia Digital da Guiné-Bissau recentemente concluído faz um balanço dos desafios e oportunidades nas cinco áreas fundamentais da economia digital do país - infraestruturas digitais, plataformas públicas digitais, serviços financeiros digitais, empresas digitais e competências digitais - e propõe recomendações específicas, acionáveis e prioritárias para garantir o seu desenvolvimento vibrante, seguro e inclusivo. O diagnóstico nota ainda que a transformação digital poderia permitir abordar, de forma profundo e compreensiva, vários dos factores de fragilidade do país, nomeadamente através do reforço da inclusão financeira , do desenvolvimento de novas oportunidades de emprego fora do sector do comércio de castanha de caju, e da ligação das populações vulneráveis (especialmente raparigas e mulheres) à internet.
A Guiné-Bissau pode orgulhar-se de várias conquistas recentes no domínio da transformação digital, com muitas mais no expectáveis no horizonte temporal. Por exemplo, a ligação directa do cabo submarino Africa Coast to Europe (ACE) ao país deverá ser entregue em novembro de 2022, juntamente com um Interconexão de Internet (IXP), o que deverá conduzir a uma diminuição significativa do preço de venda a retalho para o acesso e utilização da internet de banda larga. As funções governamentais estão a digitalizar-se e os guineenses podem agora declarar e pagar os seus impostos online, através da plataforma KONTAKTU. Nos últimos dois anos, o número e a quantidade de transações de dinheiro móvel aumentaram significativamente na Guiné-Bissau, mais do que em qualquer outro país da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA) . O panorama do empreendedorismo digital nascente do país está a crescer e o seu principal centro de inovação e tecnologia, o InnovaLab, está a trazer dinamismo do sector privado para o sector público.
Dito isto, é evidente que se torna necessário muito mais para desencadear a transformação digital na Guiné-Bissau. O Diagnóstico realça os próximos passos a tomar, incluindo:
- Reestruturar o operado histórico GuineTelecom/GuineTel para dinamizar o mercado de banda larga do país e promover maior competição no mercado;
- Desenvolver uma estratégia de transformação digital a nível nacional com uma abordagem centrada no "governo como um todo” e no cidadão;
- Adoptar um regulamento que garanta um acesso justo e equitativo ao canal USSD para que os bancos e outras instituições financeiras possam associar-se aos operadores de redes móveis para prestar serviços financeiros digitais;
- Desenvolver e implantar um programa piloto de capital inicial de curto prazo, com apoio público, para financiar start-ups digitais; e
- Conceber uma iniciativa em massa de promoção da aquisição de competências digitais para mulheres e jovens que aproveite plataformas e dispositivos móveis
Alavancar a economia digital está a revelar-se transformador para grande parte da África Subsariana e a Guiné-Bissau não pode ser deixada para trás. Há muito trabalho pela frente, mas o Grupo Banco Mundial está disponível para apoiar o povo da Guiné-Bissau na sua jornada de transformação digital.
Juntar-se à conversa