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Empoderando as mulheres Angolanas: Promovendo a igualdade de gênero através do envolvimento da sociedade civil

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© Stephan Gladieu / World Bank © Stephan Gladieu / World Bank

Em dezembro de 2022 organizamos um workshop virtual de capacitação que reuniu membros da sociedade civil, organizações não governamentais, representantes do setor privado e profissionais do direito em Angola. O workshop trouxe apresentações e discussões instigantes sobre tópicos relacionados ao empoderamento econômico das mulheres, participação na força de trabalho e proteção contra a violência em casa e no trabalho.

Os objetivos eram debater o tema da igualdade de gênero, identificar as lacunas que persistem e desenvolver a capacidade dos participantes de entender melhor os desafios que as mulheres enfrentam no país. O workshop também pretendia oferecer aos participantes uma plataforma para compartilhar as melhores práticas para promover a igualdade de direitos para as mulheres e debater melhores políticas destinadas a aumentar as oportunidades econômicas das mulheres no país.

O relatório anual Mulheres, Empresas e o Direito, produzido por nossa equipe, analisa leis e regulamentações em 190 economias e como elas afetam a vida profissional das mulheres em oito áreas: Mobilidade, Trabalho, Remuneração, Casamento, Parentalidade, Empreendedorismo, Ativos e Pensão. Os dados fornecem referências objetivas e mensuráveis para avaliar o progresso global em direção à igualdade de gênero, ao mesmo tempo em que destacam as áreas de melhoria em nível nacional e regional. De acordo com o relatório, até o momento, apenas 14 economias em todo o mundo alcançaram a igualdade de gênero nos termos da lei.

Durante o workshop, apresentamos os principais resultados do relatório, com ênfase especial no desempenho de Angola (Figura 1).

Figura 1. Pontuações de Angola em 2023 nos diferentes indicadores do Índice Mulheres, Empresas e o Direito

Angola's 2023 scores across the different indicators of the Women, Business, and the Law Index
Nota: Os dados estão atualizados até 1º de outubro de 2022, conforme relatório Mulheres, Empresas e o Direito 2023, publicado em 2 de março de 2023.

Angola tem um desempenho relativamente bom no índice Mulheres, Empresas e o Direito 2023, com uma pontuação de 79,4 de um total de 100. Essa pontuação é maior do que a média regional observada na África Subsaariana (72,6) e a média global  (77,1). Angola obtém a pontuação mais alta (100) em áreas que medem a liberdade de movimento das mulheres, leis que afetam a decisão das mulheres de trabalhar, casamento e divórcio, capacidade das mulheres de iniciar e administrar um negócio e direitos de propriedade e herança. Todavia, quando se trata de leis que afetam os ganhos das mulheres, a capacidade de trabalhar após terem filhos e os benefícios de pensão após a aposentadoria, Angola poderia considerar a reforma de suas leis para melhorar a igualdade jurídica para as mulheres.

Upale Lamber, da World Vision International, acrescentou que os dados e as conclusões apresentados durante o evento "podem ser úteis para formular ou melhorar os serviços de gênero e as políticas públicas. Podem ser considerados como uma fonte de inspiração ou modelo para pesquisadores e para aqueles que trabalham na promoção de gênero e equidade".

Os participantes destacaram a importância de tais workshops para consolidar o conhecimento existente e estimular novas ideias que acrescentem ao trabalho que já está sendo feito no campo. Eles também enfatizaram a importância de entender o desempenho de Angola no contexto regional, especialmente em comparação com outras economias de língua portuguesa da região. Concordaram que as oportunidades de envolvimento com diferentes atores locais fortalecem a iniciativa de igualdade de gênero no país.

Durante o workshop, os participantes também compartilharam reflexões sobre as oportunidades de melhoria em Angola. Por exemplo, é necessário dar mais ênfase ao combate à violência doméstica e sexual, à conscientização, ao empoderamento da sociedade civil, e à necessidade de criar um plano para implementar as leis de modo que elas tenham os efeitos desejados. Os participantes mencionaram as limitações financeiras, a falta de informações e a falta de visibilidade das questões de gênero como obstáculos que enfrentam para avançar o diálogo e o trabalho em Angola sobre a igualdade de gênero.

A sociedade civil e as organizações não governamentais, o setor privado e os profissionais da área jurídica desempenham papéis fundamentais na incorporação de dados e evidências em seu trabalho de base para influenciar mudanças de atitudes e criar políticas eficazes para o empoderamento econômico das mulheres. De acordo com a Cecília Kitombe (ADRA Angola), as organizações locais podem servir de ponte para acompanhar as conclusões do relatório e as recomendações apresentadas no workshop para desenvolver mais estudos em outras áreas, como mulheres na política e no setor de cuidados.

A equipe de Mulheres, Empresas e o Direito espera continuar o envolvimento com os interessados em Angola e em outras economias da África Subsaariana para promover a igualdade de gênero e garantir oportunidades iguais para todos.

Visite o site Mulheres, Empresas e o Direito para acessar dados específicos de cada país e região, para entender a importância da igualdade de gênero para o desenvolvimento econômico e para ler nossa série de estudos de caso publicada recentemente sobre reformas bem-sucedidas para a igualdade de gênero na África Subsaariana.

 A equipe de Mulheres, Empresas e o Direito agradece à William and Flora Hewlett Foundation pelo generoso apoio a uma série de workshops de engajamento da sociedade civil e do setor privado na África Subsaariana.


Autores

Natália Mazoni Silva Martins

Private Sector Specialist; Women, Business and the Law

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