É amplamente reconhecido que a redução de emissões provenientes do desmatamento poderia corresponder a um terço da diminuição das emissões de gases de efeito estufa necessária até 2030 para o planeta não aquecer mais de 2ºC. No entanto, proteger e gerenciar as florestas de forma prudente não somente faz sentido de uma perspectiva do clima. É também algo inteligente para a economia. As florestas são recursos econômicos de suma importância nos países tropicais. Protegê-las aumentará a resiliência às mudanças do clima, reduzirá a pobreza e ajudará a preservar a biodiversidade.
Seguem apenas alguns fatos para ilustrar por que as florestas são tão importantes. Primeiro, as florestas nos prestam serviços de ecossistema, tais como polinização de safras de alimentos, água e filtração do ar, bem como proteção contra inundações e erosão. As florestas também abrigam cerca de 1,3 bilhão de pessoas no mundo inteiro que dependem dos recursos florestais para subsistência. Em nível local, as florestas contribuem para a pluviosidade necessária para manter a produção de alimentos no correr do tempo. Quando as florestas são destruídas, esses benefícios são roubados da humanidade.
O novo Relatório sobre a Economia Climática nos mostra que o crescimento econômico e a redução das emissões de carbono podem se reforçar mutuamente. Precisamos de mais inovação e mais investimentos para ter uma economia de baixo carbono. Isso requer certas escolhas fundamentais de política pública e a transformação não será fácil. No entanto, é possível e na realidade trata-se do único caminho para um crescimento e desenvolvimento sustentados. Se o uso da terra for produtivo e os sistemas energéticos forem eficientes, ambos impulsionarão um desenvolvimento econômico sólido e reduzirão a intensidade das emissões carbono.
Em âmbito mundial, os países com as grandes florestas tropicais já estão agindo.
Por meio do Desafio de Lima, os países com florestas se comprometeram a reduzir emissões do desmatamento e da degradação florestal (REDD+) se os países doadores aumentarem seu financiamento. Estas não são palavras vazias: a proteção das florestas demonstrou ser uma medida eficaz para reduzir emissões.
Desde 2008, a Noruega já contribuiu com cerca de US$ 2,8 bilhões para proteger e preservar as florestas tropicais. O Brasil tem a maior floresta tropical do mundo e é um dos parceiros mais importantes para a Noruega. Em 2008 a Noruega e o Brasil assinaram uma Carta de Intenção mediante a qual a Noruega se comprometeu a contribuir com até US$1 bilhão para o Fundo da Amazônia até 2015, se o Brasil comprovar que o desmatamento diminuiu.
De 2008 a 2014, o Brasil reduziu 60% do desmatamento na Amazônia. No fim de 2015, a Noruega cumpriu seu compromisso em reconhecimento dos esforços intensivos do Brasil em reduzir o desmatamento na sua região amazônica. A redução do desmatamento do Brasil talvez tenha sido o maior esforço individual em reduzir as emissões de carbono até esta data. E igualmente impressionante, isso não afetou negativamente a produção agrícola: a produção de carne bovina e de soja aumentou no mesmo período.
O setor agrícola privado está adotando a agenda florestal. Há o compromisso feito com o Fórum dos Bens de Consumo, com 400 empresas que representam mais de US$ 3 trilhões em receitas dos sócios para eliminar o desmatamento de suas operações comerciais. Há também o trabalho da Aliança de Florestas Tropicais 2020, coalizão público-privada cujo objetivo é reduzir até 2020 o desmatamento provocado pela extração de produtos básicos.
A Noruega já implementou parcerias de pagamento por resultados com o Brasil, Indonésia, Peru, Colômbia, Libéria, Guiana e Etiópia. Tendo trabalhado desde 2008 nesses desafios e oportunidades globais, estamos mais convencidos do que nunca que investir na redução de emissões florestais significa de fato tempo e dinheiro bem empregados. Por isso, na COP21, em dezembro do ano passado, a Noruega anunciou que ampliará nossa Iniciativa Internacional de Clima e Floresta da Noruega (NICFI) e apoiará a REDD+ até 2030. O Acordo de Paris deverá proporcionar novos incentivos e instrumentos para apoiar e financiar a redução de emissões florestais.
É evidente que o desenvolvimento econômico e social sustentável sem o desmatamento em larga escala é o único caminho possível para nosso planeta e nosso futuro comum.
Pense nas Florestas: Por que Investir em Florestas é a Grande Tendência
Data: Quinta-feira, 14 de abril de 2016
Hora: 15h30 - 17h (Horário de Brasília) / 18h30 – 20h (GMT)
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