No âmbito do Mês da História da Mulher, encontrámo-nos com Marina Mavungu Ngoma, uma economista congolesa e jovem profissional do Banco Mundial, e uma das bolseiras do Programa de Bolsas de Estudo para África do Grupo Banco Mundial 2022. Este programa apoia académicos africanos que estão a trabalhar ou terminaram recentemente os seus estudos de doutoramento. Os bolseiros seleccionados têm missões de seis meses nos escritórios do Banco Mundial, ganhando experiência prática em políticas, investigação e criação de instituições, tudo com o objectivo de reduzir a pobreza e promover o crescimento inclusivo.
Obtenha mais informações sobre o programa e o processo de candidatura para 2025!
Pedimos à Marina que partilhasse o seu percurso e o que a levou a seguir o Programa de Bolsas de Estudo para África. As suas respostas irão talvez inspirar outras mulheres académicas a candidatarem-se!
O que a levou a candidatar-se ao Programa de Bolsas de Estudo para África?
Definitivamente, o meu desejo de obter uma visão em primeira mão sobre o funcionamento do Banco Mundial, sendo a maior instituição de desenvolvimento a nível mundial. A minha paixão é relacionar a investigação académica com as suas implicações práticas na elaboração e aplicação de políticas. Queria aprofundar os meus conhecimentos sobre as questões mais prementes em matéria de desenvolvimento, nomeadamente nos domínios da transformação estrutural das economias em desenvolvimento e emergentes, e conhecer as abordagens do Banco Mundial para as resolver. O Gabinete do Economista-Chefe para a Região de África (AFRCE), conhecido por produzir conhecimentos e ideias sobre os desafios do desenvolvimento e as reformas políticas e institucionais na África Subsariana, era o local ideal para o conseguir.
Como foi a sua experiência como bolseira? Algum momento de sucesso ou desafio que se tenha destacado?
A minha experiência como bolseira proporcionou uma oportunidade valiosa para me envolver com os desafios políticos do continente e para me familiarizar com a agenda política e de investigação da AFRCE, particularmente nas áreas de desenvolvimento de empresas, transformação estrutural e comércio. Comecei a examinar vários tópicos, tais como (i) os compromissos que os governos encontram quando apoiam empresas de diferentes dimensões, vulnerabilidades e impactos económicos; (ii) os desafios macroeconómicos que as empresas etíopes enfrentam no comércio internacional, particularmente questões relacionadas com o acesso a divisas; e (iii) a influência do comércio na dinâmica do mercado e na concorrência. Além disso, os workshops organizados pelo programa ofereceram uma plataforma valiosa para discussão e forneceram um feedback construtivo sobre o trabalho que nós, os bolseiros, estávamos a fazer.
Um aspecto útil do programa foi a orientação que recebi do meu supervisor e do Economista-Chefe, incluindo a orientação que me deram quando considerei as minhas opções de carreira após a bolsa e a pós-graduação. O seu apoio durante todo o programa foi extremamente útil e estou grata pela oportunidade de aprender com eles. A bolsa facilitou o estabelecimento de contactos com a equipa do Banco Mundial e foi inspirador o contacto com outros talentosos bolseiros africanos de diversas origens.
O maior desafio que enfrentei foi equilibrar a bolsa com a conclusão do meu doutoramento e a navegação no mercado de trabalho para economistas, que segue um calendário normalizado para os candidatos a doutoramento. Isto limitou a minha capacidade de mergulhar totalmente no programa e de me relacionar com os outros participantes tanto quanto gostaria. No entanto, apesar destes constrangimentos, a bolsa foi gratificante, oferecendo orientação, conhecimentos sobre o trabalho do Banco Mundial e oportunidades de estabelecimento de contactos que têm sido benéficas para o meu percurso profissional.
Enquanto mulher no Programa de Bolsas de Estudo para África, como vê o papel das mulheres na definição das agendas de desenvolvimento africanas e como é que este programa apoia esse papel?
De acordo com um relatório recente do Banco Africano de Desenvolvimento, as mulheres africanas contribuem significativamente para o PIB do continente, destacando-se pelo seu empenho económico, particularmente na agricultura e no empreendedorismo. No entanto, enfrentam barreiras significativas, tais como normas culturais restritivas, leis discriminatórias e acesso limitado à educação. Estas barreiras não só impedem a sua plena participação económica, como também resultam na sua sub-representação em muitas outras áreas. A adopção de políticas específicas destinadas a reforçar o seu papel económico e a reduzir as disparidades entre os sexos poderia conferir às mulheres mais poder e estimular o desenvolvimento económico de África.
O Programa de Bolsas de Estudo para África é louvável pelo seu empenho em proporcionar oportunidades iguais a todos os participantes, independentemente do género, abrindo assim as portas para as mulheres se destacarem. Ao centrar-se nos africanos que prosseguem estudos de doutoramento, o programa incentiva os jovens africanos, incluindo as mulheres, a prosseguirem estudos superiores. Mais importante ainda, o programa capacita as mulheres, oferecendo-lhes uma plataforma para aprenderem e crescerem no seu percurso profissional e para participarem e influenciarem as políticas que moldam o futuro de África. Este esforço contribui em grande medida para alargar as oportunidades das mulheres assumirem funções técnicas e de liderança, onde a sua representação é urgentemente necessária.
Durante o meu percurso como bolseira, tive o privilégio de trabalhar com mulheres excepcionais que demonstraram um trabalho notável nos seus respectivos domínios. Muitas delas estão agora a seguir oportunidades de carreira interessantes, graças às portas abertas pelo programa.
Juntar-se à conversa