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Os salários do setor não comerciável acompanham os pagos por trabalhos qualificados no setor comerciável

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Dados recentes sobre o salário por hora na América Latina e Caribe (ALC) revelam que os latino-americanos trabalhando nos setores não comerciáveis (como construção, transportes, hotelaria ou educação) ganham muito mais que os trabalhadores pouco qualificados nos setores comerciáveis, como agricultura ou manufatura de baixa tecnologia, e seus salários estão mais próximos daqueles dos trabalhadores qualificados empregados nos setores comerciáveis, como manufatura de alta tecnologia ou finanças. Apesar de pequenas variações entre países, em 11 dos 17 países estudados, a diferença entre os salários de trabalhos pouco qualificados do setor comerciável e do setor não comerciável cresceu durante a última década.[1]  Na maioria desses países, o salário por hora mostra uma tendência particular: crescimento dos salários dos trabalhadores qualificados nos setores comerciáveis e não comerciáveis, e salários estagnados, ou até decrescentes, para os trabalhadores pouco qualificados no setor comerciável.
 

Graph showing wage trends in the tradable and non-tradable sectors in Latin America

Source: World Bank's LAC Equity Lab


Este é um motivo para preocupação? Felizmente, pudemos escutar uma conversa entre o eternamente otimista Professor Pangloss e a sempre pessimista Cassandra:
  • Pangloss: Cassandra, não é edificante observar como grande parte da força laboral empregada na América Latina e Caribe tem experimentado uma melhora em seu salário durante a última década? Isso significa que mais pessoas estão saindo da pobreza e têm bons empregos!
  • Cassandra: Bom, não tão rápido, professor. O setor não comerciável está cheio de trabalhadores empregados em atividades com pouco valor agregado, como os vendedores ambulantes autônomos. Realmente pensa que eles têm um futuro brilhante mesmo sem participar de atividades mais produtivas?
  • Pangloss: Sim, acredito! À medida que os trabalhos qualificados no setor comerciável continuem crescendo, vão alimentar a demanda por serviços, aumentando os salários dos trabalhadores no setor não comerciável.
  • Cassandra: Vamos, professor! O senhor sabe bem que isso só vai aumentar a desigualdade entre os trabalhadores pouco qualificados e qualificados. Os mais pobres, como os agricultores e pedreiros com salários baixos, vão continuar sendo pobres.
  • Pangloss: Acho que a sua lógica está incorreta. Da maneira como vejo, os trabalhadores agrícolas vão continuar diversificando suas atividades, desde a agricultura até empregos mais bem remunerados no setor de serviços, e o setor agrícola vai ter de aumentar seus salários para poder sobreviver. As pessoas também aumentarão sua demanda por produtos agrícolas, especialmente aqueles com maior valor agregado, tornando mais rentável o trabalho agrícola.
  • Cassandra: Porém, quem vai investir nesses setores se os custos do trabalho aumentarem? Hoje enfrentamos uma corrida ladeira abaixo, com empresas se relocando para países com mão de obra mais barata!
  • Pangloss: Oh, Cassandra, estou otimista em relação à situação dos salários na região e você não me vai convencer do contrário. Vamos concordar em discordar. Assim, me despeço.
  • Cassandra: Bom dia, professor.

Estimados leitores, o que vocês acham? Acreditam que o professor Pangloss tem razão ou seria a Cassandra? Deixe-nos seu comentário.
Nota: Este blog é parte da série 'lacfeaturegraph' da equipe LAC Equity Lab. Para ler posts anteriores, acesse este link.

 
[1] Com a exceção de República Dominicana, Equador, Honduras, México, Nicarágua e Paraguai.

Autores

Oscar Calvo-González

Director - Equitable Growth, Finance, and Institutions for the Latin America and the Caribbean

Ana María Oviedo

Senior Economist, Poverty and Equity Global Practice, World Bank

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