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Precisamos agir agora por investimentos em infraestrutura sustentável

?????????????? ??: Ivelina Taushanova/???? © Ivelina Taushanova/World Bank

Os setores público e privado partilham do mesmo interesse no crescimento econômico sustentável e infraestrutura resiliente. No entanto, a realidade é que o crescimento econômico global está reduzido e os riscos negativos permanecem preocupantes. Aliado a isso estão os efeitos adversos das mudanças climáticas no planeta e as incertezas que o futuro nos traz. Embora essas situações afetem a todos nós, sabemos que os países em desenvolvimento são especialmente vulneráveis ​​às desacelerações da economia e aos impactos das mudanças climáticas.

Os investimentos em infraestrutura sustentável são um "ganha-ganha" para as economias, pois ajudam a aumentar a capacidade produtiva e elevam as taxas de crescimento econômico, ao tempo em que fortalecem a resiliência de um país para suportar e até combater futuros riscos climáticos. O relatório Lifelines, do Banco Mundial (the World Bank) e da Global Facility for Disaster Reduction and Recovery (Plataforma Global para Redução e Recuperação de Desastres) conclui que o benefício líquido de se construir infraestruturas mais resilientes em países de baixa e média renda seria de US$ 4,2 trilhões, com US$ 4 em benefícios para cada US$ 1 investido.

No entanto, os governos não têm capacidade financeira para suprir essas necessidades sozinhos e o setor privado deve desempenhar um papel maior. O desbloqueio da base de ativos de aproximadamente US$ 80 trilhões de investidores de longo prazo, que inclui ativos gerenciados por seguradoras, fundos de pensão e fundos soberanos, por exemplo, seria de grande ajuda para esses financiamentos.

Um apelo à ação: Três pilares principais podem tornar o mundo mais resiliente

Acredito que os setores público e privado precisam abordar três pilares principais para juntos reduzirem o déficit no financiamento de infraestrutura e ajudarem a tornar o mundo mais resiliente:

Primeiro, o investimento em infraestrutura sustentável exige que gastemos mais e melhor. No entanto, muitos países não estão construindo a infraestrutura necessária para avançar economicamente. E, quando o fazem, não têm um seguro que os proteja dos possíveis impactos das mudanças climáticas, como riscos físicos e de transição.

Segundo, os investidores institucionais, como as seguradoras, estão bem posicionados para se comprometer com o financiamento de infraestrutura a longo prazo, dado o horizonte de tempo de seus passivos. No entanto, pesquisas do Banco Mundial mostram que a participação de investidores institucionais no valor global de financiamentos em infraestrutura privada é de apenas 67%. Há que se superar muitos desafios para incentivar uma maior participação. Sabemos, por exemplo, que aumentar a padronização ajudaria. No entanto, um dos maiores desafios para os investidores ainda é a falta de oportunidades de financiamento, principalmente em infraestrutura sustentável.

É aqui que plataformas globais, como a Global Infrastructure Facility (GIF), podem desempenhar um papel crítico. Por meio da GIF, estamos entre os 50 parceiros que dão voz ao setor privado, compartilhando conhecimento e realizando pesquisas de mercado para ajudar a criar um ambiente propício para projetos de infraestrutura sustentável que possam ser financiados. A Swiss Re e a GIF, em particular, apoiam condições e requisitos de divulgação harmonizados dos projetos para facilitar maior envolvimento dos investidores.

O terceiro pilar é o uso de parcerias público-privadas inteligentes (PPPs), que podem reduzir as pressões no orçamento do governo. Se bem feitas, as PPPs podem levar a ganhos de eficiência, oferecer retornos atraentes e permitir o compartilhamento eficaz de riscos. Este último é especialmente importante para investidores institucionais, uma vez que menos de 20% das 500 maiores cidades do mundo têm uma classificação de risco para investimento. Uma transação piloto de referência em PPP com termos e documentação de contratos seria uma “boa prática” de grande valor para todas as partes, especialmente se um banco multilateral de desenvolvimento estiver envolvido, e nos ajudaria a criar uma classe de ativos negociáveis.

A sustentabilidade deve estar no centro de nossas decisões sobre investimentos em infraestrutura

Na Swiss Re, acreditamos que o investimento sustentável também faz sentido em termos econômicos. Nosso artigo "Responsible Investments – The next steps in our journey" ("Investimentos Responsáveis ​​- Os próximos passos em nossa jornada") mostra que as referências de governança ambiental e social (GAS) melhoram o perfil de retorno ajustado ao risco no longo prazo. É por esta razão que agora investimos cerca de 100% dos aproximadamente US$ 130 bilhões em ativos que atendem aos nossos critérios de GAS.

O setor público, incluindo bancos multilaterais de desenvolvimento, também faz contribuições importantes. Por exemplo, dois terços do portfólio da GIF atualmente dão grande importância a questões do clima e esperamos que esse número aumente à medida que o setor privado muda seu foco cada vez mais para os valores da GAS. Para dar seguimento ao tema, publicaremos um documento conjunto com a GIF sobre Infraestrutura Sustentável para fortalecer ainda mais o diálogo público-privado.

Como a atenção está voltada para Madri esta semana, onde acontece a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, não há dúvida de que o risco climático é sistêmico. Não devemos esperar para fazer o que é certo e evitar um momento Minsky no clima. Os setores público e privado devem trabalhar lado a lado. Investir em infraestrutura sustentável, principalmente nos países em desenvolvimento onde as necessidades são maiores, é uma oportunidade para promover a resiliência econômica e climática, além de aumentar a prosperidade global.


Autores

Jérôme Jean Haegeli

Group Chief Economist, Swiss Re and Co-Chair of the Global Infrastructure Facility (GIF) Advisory Council

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