A África Subsaariana tem uma das mais elevadas taxa de casamentos infantis do mundo. Quase quatro em cada 10 raparigas casam todos anos antes de completarem 18 anos, e muitas delas são mães numa idade muito jovem. As raparigas que casam ainda na infância têm uma probabilidade muito maior de abandonarem a escola e de completarem menos anos de escolaridade do que as que casam mais tarde. É também mais provável que tenham filhos em tenra idade, o que afecta adversamente a sua saúde, e a saúde e educação dos seus filhos. Demasiadas raparigas estão a perder a sua infância e o seu futuro.
Mas o casamento infantil não é apenas uma questão moral para mim. Não só atinge as raparigas individualmente, mas também prejudica as comunidades e os países.
O casamento infantil vai custar à região dezenas de milhares de milhões de dólares em rendimentos perdidos e riqueza de capital humano. Leva a elevadas taxas de fertilidade e de crescimento populacional que tem ultrapassado o crescimento económico nos últimos quatro anos. E todos os anos, resulta em mais de três milhões de raparigas que perdem a oportunidade e planearem um futuro produtivo para si mesmas.
Sabemos que manter as raparigas na escola é uma das melhores formas de escaparem ao casamento infantil. Quanto mais anos do ensino secundário terminarem, maior é a probabilidade de se casarem apenas depois dos 18 anos, e menor a probabilidade de terem filhos muito cedo. Com uma educação secundária, as mulheres têm mais probabilidades de trabalhar e ganhar (em média) o dobro do que as que não têm educação.
Também sabemos que os programas de capacitação para as adolescentes, especialmente aqueles que combinam actividades baseados na comunidade, formação em competências para a vida e formação profissional, mudaram a vida das raparigas, criando mulheres saudáveis, educadas e produtivas. Por exemplo, no Uganda, um programa para raparigas e mulheres jovens aumentou em 72% a probabilidade de elas se envolverem em actividades geradoras de rendimentos. O programa também detectou uma queda significativa na fertilidade das adolescentes, casamentos ou coabitação precoce, e na percentagem de raparigas que relatavam ter tido relações sexuais contra a sua vontade.
Os homens desempenham um papel importante na discussão sobre a capacitação das mulheres e raparigas. O Projecto "Sahel Women's Empowerment and Demographic Dividend" (Projecto para a Capacitação das Mulheres do Sahel e o Dividendo Democrático) apoia escolas para maridos e futuro maridos em sete países no Sahel, nos quais os homens se reúnem para discutir diversos tópicos relacionados com o planeamento familiar e a vida familiar.
As raparigas e as mulheres são o futuro de África e precisamos que todos contribuam para o seu fortalecimento, incluindo as jovens Africanas. É por isso que estou entusiasmado pelo facto do concurso Blog4Dev deste ano ter convidado jovens cidadãos Africanos a partilharem as suas ideias sobre como acabar com o casamento infantil nos seus países.
Os bloggers estavam ansiosos em falar sobre este importante tópico; recebemos 2.680 inscrições, o que representa um aumento de 121% de participação em relação ao ano passado. Até agora, identificámos vencedores de 38 países.
Esperávamos dar as boas-vindas a todos os vencedores em Washington, D.C. durante as Reuniões de Primavera do Banco Mundial-Fundo Monetário Internacional, mas devido à pandemia do coronavírus, tivemos de alterar os nossos planos. Temos a intenção de convidá-los no final deste ano, mas entretanto, os vencedores vão ligar-se às equipas do Banco Mundial através de um conjunto de actividades online.
Em nome da Região África do Banco Mundial, felicito todos os vencedores do nosso Blog4Dev! São nossos parceiros valiosos e vozes importantes nos seus respectivos países, e espero ver as suas contribuições nos meses e anos futuros.
Por favor, juntem-se a mim para felicitar os vencedores do #Blog4Dev 2020:
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